
Novo céu e nova terra
SURGIRÃO NOVO CÉU E NOVA TERRA
O destino futuro de todo ser humano não será o fim, mas a vida eterna, que é vida nova que não conhece dor, pranto ou morte. A fé na ressurreição é basilar para todo ensinamento cristão e determina o presente, o futuro, a fé e a esperança de quem crê. Assim, a pandemia fez caírem as “máscaras” de uma fé muito religiosa, mas sem esperança em Cristo. Revelou que, sem uma mística pascal – que passa necessariamente pela cruz e ressurreição –, não há autêntica fé cristã.
A promessa de ressurreição não se restringe ao destino da pessoa, mas abrange o da história e do cosmo igualmente. Na escatologia cristã, a humanidade, a história e toda a criação anseiam pela realização da promessa: “Deus ensina-nos que se prepara uma nova habitação e uma nova terra, na qual reina a justiça e cuja felicidade satisfará e superará todos os desejos de paz que se levantam no coração dos homens” (GS 39). Esperar o Reino que não tem fim implica cuidar da vida, ressignificar o sofrimento e discernir, à luz do juízo de Deus, sobre o hoje da história.
Nesse hoje há muitos questionamentos. Há injustiças cometidas, violências repetidas e urgências omitidas. Os sofrimentos e as mortes não são causados apenas pelo vírus ameaçador, mas também pela falta de informação, pelo descuido dos que ignoram a gravidade do momento, pelas políticas sanitárias equivocadas, pelas escolhas que priorizam o mercado e pelo descaso com os pobres e vulneráveis.
Tudo isso clama por justiça. A escatologia cristã, fundamentada no Evangelho, prevê que todos serão julgados no amor. O juízo envolverá a pessoa, a história e o universo. Esse juízo é esperança e graça.
Se fosse somente graça que torna irrelevante tudo o que é terreno, Deus ficar-nos-ia devedor da resposta à pergunta acerca da justiça – pergunta que se nos apresenta decisiva diante da história e do mesmo Deus. E, se fosse pura justiça, o Juízo em definitivo poderia ser para todos nós só motivo de temor (SS 47).
Cabe considerar que muitas decisões concretas de pessoas e instituições não são pautadas pela verdade, bondade e beleza; são reguladas pelo mal, pelas seduções do Maligno, que tenta e seduz. É, contudo, o ser humano quem cede à opção que mata e fere a vida do outro. Isso se faz tanto em âmbito pessoal quanto social e até ambiental. Toda maldade cometida não será esquecida no juízo universal.
No capítulo 25 do Evangelho de Mateus, estão os critérios do juízo e a sentença já definida pelo Justo Juiz. Cada um deve colocar-se, desde agora, diante daquele momento escatológico que se constrói pelas escolhas realizadas ao longo da vida. Há os benditos e os malditos no juízo. Tudo que for feito ao menor dos irmãos de Jesus será contado como se tivesse sido realizado ao próprio Juiz e Senhor. O futuro se constrói hoje, na fé e na esperança